quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Cidadania


Insignificantes são todos aqueles que por mais que se esforcem, mesmo quando têm opinião, não têm voz, e se alguma vez têm voz, sabem que ela não produz efeito.
Lídia Jorge
Fonte: "Contrato Sentimental"

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Estado do Mundo


Há bocados da Terra que são atlas ensanguentados na consciência dos homens.
Lídia Jorge
Fonte: "Contrato Sentimental"

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Livros


No que respeita aos livros, melhor será os silvicultores plantarem muitas árvores e os bombeiros defenderem-nas do fogo, pois eles serão de papel.
Lídia Jorge
Fonte: "Contrato Sentimental"

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Vaticinador



O pior do vaticinador não é o seu erro, é o seu tom.
Lídia Jorge
Fonte: "Contrato Sentimental"

sábado, 24 de setembro de 2011

Pátria


A pátria confunde-se a cada época com a instituição e o porta-voz que a resgarda. Por isso o rosto da pátria vai mudando dia após dia. Uma realidade volátil.
Lídia Jorge
Fonte: "Contrato Sentimental"

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Fala


A fala não é apenas o perfume da alma, é a flor da própria alma.
Lídia Jorge
Fonte: "Combateremos a Sombra"

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Professores

O que tem de permanecer lá, ao fundo da sala, são rostos estimáveis, confiáveis, aqueles que depois acompanham as pessoas para o resto da vida, quando elas já nem dos nomes dos professores se lembram, mas sabem que foram eles, aqueles, os instrumentos da sua autonomia.
Lídia Jorge
Fonte: "Contrato Sentimental"

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Conto


O conto é o género que sai do sono e que melhor se aplica ao nosso sonho.
Lídia Jorge
Fonte: da Colectânea editada em árabe (Saad Warzazi Éditions, Marrocos, março de 2011)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Cultura


Por vezes a cultura nasce da usurpação da liberdade, enquanto a violência germina entre pessoas vestidas de fraque escutando Vivaldi.
Lídia Jorge
Fonte: "Contrato Sentimental", 2009, Sextante

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Imaginação

A imaginação estabelece o seu próprio prazo de validade, e por essa razão o futuro só consegue ser amável até onde a nossa vista alcança. A partir de uma certa distância, perde-se a capacidade de representação e a paisagem que nos surge é inóspita, como se a nossa projecção começasse a perder cor, e o tempo imaginado nos expulsasse de lá.
Lídia Jorge
Fonte: "Contrato Sentimental", 2009, Sextante

domingo, 18 de setembro de 2011

Vida


A vida é levada por dois carros e um deles não o conduzimos nós. Um cocheiro encapotado leva metade da nossa vida para onde ele próprio entende.
Lídia Jorge
Fonte: "A Noite das Mulheres Cantoras"

sábado, 17 de setembro de 2011

Ficção


Se aquela narrativa se adaptava perfeitamente ao que era necessário, para que iríamos desencantar do fundo do esquecimento a versão verdadeira?
Lídia Jorge
Fonte: "A Noite das Mulheres Cantoras"

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Cultura


O futuro não precisa de manter a palavra cultura em itálico, e de entre os seus múltiplos sentidos, terá de privilegiar aqueles que fazem dos cidadãos pessoas livres.
Lídia Jorge
Fonte: "Contrato Sentimental", 2009, Sextante

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Mundo


O Mundo é uma extensa narrativa, mas quem lhe tece a intriga, grande ou pequena, somos nós.
Lídia Jorge
Fonte: "O Vento Assobiando nas Gruas"

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Sonho



Um conto breve faz um sonho longo.
Lídia Jorge
Fonte: "A Instrumentalina"

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Procura


Quem procura no Espaço é porque não encontra o que deveria desfrutar na Terra.
Lídia Jorge
Fonte: "A Noite das Mulheres Cantoras"

domingo, 11 de setembro de 2011

Narrativa

Jumto-me àqueles que pensam que narrar, seja lá o que isso for, é sempre uma forma de continuar a infância do mundo. E a sua orelha, que não se confunde apenas com a matéria sensível, por certo que será infinita.
Lídia Jorge
Fonte: "A Noite das Mulheres Cantoras"

sábado, 10 de setembro de 2011

Povo


Na história de um bando conta-se sempre a história de um povo.
Lídia Jorge
Fonte: "A Noite das Mulheres Cantoras"

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Europa


No meio deste redemoinho, a Europa está a mover-se como pode, como uma centopeia de pernas de diferentes alturas, todas elas débeis, no seu conjunto.
Lídia Jorge
Fonte: "Contrato Sentimental",  2009, Sextante.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Oferta



A oferta é inimiga da imolação.
Lídia Jorge
Fonte:  folheto "As Palavras Cantadas"
Orquestra do Algarve , 18 de janeiro de 2008

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Palavras



Se não encontro as palavras, não sou ninguém.
Lídia Jorge
Fonte: "A Noite das Mulheres Cantoras"

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Escritor


Os escritores são seres de liberdade e de libertação dos outros.
Lídia Jorge
Fonte: DN (6 de abril de 2007)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Morte



"A morte não é morrer, a morte é sair da memória"
Lídia Jorge
Fonte:  "O Vento Assobiando nas Gruas"

domingo, 4 de setembro de 2011

Música


A música, a grande música, tende a retirar-nos da História e a levar-nos para um lugar fora do tempo, onde o Mundo, por instantes, parece ordenado.

Lídia Jorge
Fonte: in folheto do concerto "As Palavras Cantadas"
Orquestra do Algarve, 18 de janeiro de 2008

sábado, 3 de setembro de 2011

Ícone


A um ícone não se lhe descobrem feições, apenas se lhe acrescentam flores.
Lídia Jorge
Fonte: in "Retratos de Eça de Queirós", 
(Campo das Letras | Fundação Eça de Queiroz)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Autenticidade

Pobres daqueles que, tendo vocação para imitarem alguém, nunca encontraram o modelo na vida. Pensar nessa orfandade é quase tão pungente quanto pensar na orfandade real.
Lídia Jorge
Fonte: "A Costa dos Murmúrios"

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Credulidade

A credulidade é um estado de alma que não se adquire e raramentee se perde. Quando se é viciado nessa espécie de não prudência, ela se desfaz e logo se recompõe, persistindo sob a forma de uma natureza intrínseca.
Lídia Jorge
Fonte: "A Noite das Mulheres Cantoras"

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Género


Mudámos a concepção do género. A partir de agora, cada pessoa é um género humano.
Lídia Jorge
Fonte: "A Noite das Mulheres Cantoras"

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Literatura



A literatura dir-se-ia um permanente treino da alteridade.
Lídia Jorge
Fonte: in DN | 6 de abril de 2007

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Amor


Por regra, as histórias que explicam os poemas de amor costumam omitir o que retiram ao amor.
Lídia Jorge
Fonte: "A Noite das Mulheres Cantoras"

domingo, 28 de agosto de 2011

Pertença

Muitas vezes tenho a ideia de que mais do que à sociedade pertenço às ideias. Mais do que à família pertenço aos que amo. Mais do que à Língua pertenço à Literatura. E mais do que a mim mesma pertenço à dúvida.
Lídia Jorge
Fonte: "Cahiers de la Villa Gillet", N.º 13, abril, 2001

sábado, 27 de agosto de 2011

Multiculturalismo

Quando, entre nós, se fala de uma socidade multicultural, e nos referimos à hipótese de virmos a ser uma população colorida, no sentido vital da expressão, estamos porventura a invocar o nosso mais fundo sentido de sobrevivência.
Lídia Jorge
Fonte: "Contrato Sentimental"

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Vida


A nossa vida, se bem vivida, não é da História, é do seu sentido.
Lídia Jorge
Fonte: "A Noite das Mulheres Cantoras"

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Realidade



Toda a explicação é uma amputação da realidade.
Lídia Jorge
Fonte: Intervenção pública na Gulbenkian, 11 de julho de 2006

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Interdito


Cada tempo tem o seu interdito. Esta noite, dez de Julho, mudámos o interdito, precisamos, pois, de construir um outro.
Lídia Jorge
Fonte: "A Noite das Mulheres Cantoras"

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Amor



O amor é um estado de alma que evolui até à morte.
Lídia Jorge
Fonte: in DN | 6 de abril de 2007

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Destino


O destino é uma oferta que o presente faz ao futuro, e não o seu contrário.
Lídia Jorge
Fonte: "A Noite das Mulheres Cantoras"

domingo, 21 de agosto de 2011

Saudade


Não tenho dúvida que a pessoa chorada é ela mesma perdida no reflexo que teve em alguém.
Lídia Jorge
Fonte: "A Costa dos Murmúrios"

sábado, 20 de agosto de 2011

Cultura

Dá a impressão de que o futuro vai precisar de manter a palavra cultura em itálico, e de entre os seus múltiplos sentidos, terá de privilegiar aqueles que fazem dos ciuadãos pessoas livres.
Lídia Jorge
Fonte: "Contrato Sentimental"

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Felicidade. Triunfo


O que há de repulsivo na felicidade é a rapidez com que esse estado transforma a pessoa por ele tocada numa ilha de triunfo.
Lídia Jorge
Fonte: "A Noite das Mulheres Cantoras"

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ruína


O que mais hei-de dizer sobre uma ruína? Acrescentar talvez que é impossível suster uma ruína só com a vontade.
Lídia Jorge
Fonte: "A Costa dos Murmúrios"

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Indiferença


A indiferença dos actos uns pelos outros, na simultaneidade, não é a melhor prova do bondoso caos?
Lídia Jorge
Fonte: "A Costa dos Murmúrios"

terça-feira, 16 de agosto de 2011

História


Quanto mais conscientes somos das nossas Histórias, mais livres somos das nossas heranças e mais soltos ficamos para um novo convívio entre nações.
Lídia Jorge
Fonte: Intervenção pública na Gulbenkian, 11 de julho de 2006

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Mito



O mito é terrível pelo imobilismo que arrasta.
Lídia Jorge
Fonte: Cahiers de la Villa Gillet (N.º 13, abril, 2001)

domingo, 14 de agosto de 2011

Memória


Deveríamos rir-nos da fragilidade da memória, ou pelo menos sorrirmos das artimanhas do seu esquecimento.
Lídia Jorge
Fonte: "Combateremos a Sombra", pág. 11

sábado, 13 de agosto de 2011

Emoção

Visitamos museus, monumentos e outros lugares assim. Mas é sempre o riso do empregado que serve os cafés na esplanada, aquilo que de regresso levamos ou não levamos no nosso coração.
Lídia Jorge
Fonte: Intervenção pública na Gulbenkian, 11 de julho de 2006

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O desconhecimento


Querer desconhecer não é uma cobardia, é apenas colaborar com a realidade mais ampla e mais profunda que é o desconhecimento.
Lídia Jorge
Fonte: "A Costa dos Murmúrios"

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Sede de infinito


Para quem tem sede de infinito, é possível que tanto se comova com a dispersão das galáxias como com a rigidez do mármore.
Lídia Jorge
Fonte: "A Costa dos Murmúrios"

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Justiça



As sociedades que não seguram a justiça, criam a desordem.
Lídia Jorge
Fonte: entrevista DN|2007abr06

sábado, 23 de julho de 2011

Pequena nota

Destina-se este blogue à recolha de aforismos, sentenças e frases contidos na Obra ou extrsídos de intervenções de Lídia Jorge. Quem eventualmente disponha de notas de leitura dos livros da escritora e queira colaborar, pode usar o e-mail colocado na coluna da esquerda. Obrigado, desde já.
Cândido Abreu